quarta-feira, 31 de março de 2010

As palavras que não dizemos

Adoro pensar nas palavras que não disseste. 
Quase chego a achar que seriam as que eu diria. 
Mas não vou achar isso para continuar a poder imaginar e sonhar com todas as palavras que ainda não me disseste. 
Quero-as tanto. 
Quase tanto como nos quero a nós. 
Ou não tivessem sido as palavras a juntar-nos! 
Sempre as que não dissemos. 
Sempre as que calamos. 
Sempre as que ficaram por dizer. 
As que ficaram para amanhã. 
O medo de não estarmos abraçados amanhã petrifica-nos, cala-nos. 
E tu calas-me dessa maneira maravilhosa em que a tua boca se cola à minha e de repente eu fico sem palavras, fico sem tempo e sem consciência. 
Porque é aí que me esvazias e eu passo a respirar através de ti. 
Não quero mais sair deste abraço. 
E quando nos penso esta certeza é tão clara.

TR


Um comentário:

  1. “…Há milhares de anos que eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que já anda no meu pensamento há muito tempo e nunca tive essa oportunidade… há dias, quando surgiste na minha vida, um pouco espantada por ela mesmo, um pouco alheada do próprio mundo, quando ali surgiste espelhada na minha alma, eu estive quase quase para dizer… penso que me faltou a coragem e a voz se me embargou… calei dentro de mim o que deveria ter gritado… talvez tenha esquecido a forma de gritar, talvez só saiba calar… não sei… já não sei… mas eu tinha qualquer coisa para dizer, algo que me possui e me rasga a mente, num acto demente do meu próprio ser de aqui estar sem saber falar, sem saber o que te dizer, sem saber gritar o que tanto tenho calado… milhares de anos de silêncio dentro de mim… milhares de anos de solidão da minha própria voz… milhares de anos de espera que surjas ali à esquina, em qualquer lugar, e num momento de paz eu possa gritar todo o meu amor… ah dor que dói e me corrói a alma de tanto calar esta tão louca forma de amar… dor de aqui estar e não saber o que dizer, de não saber traduzir esta minha forma de tão somente sorrir… e sorrio a todo o instante, aqui, ali, em qualquer lugar ainda que distante… não me preocupa se me ouves, se escondes as palavras que tão docemente me são devolvidas porque não enviadas… doces palavras de paz, ternura, carinho, amor… em doses de candura mas eivadas de toda a minha dor… estão aqui mas sei que tinha qualquer coisa para dizer… como posso gritar se a voz se me tolda em silêncios ocos e sem eco ou se com eco ecoam apenas dentro do meu vazio, um vazio que não preencho ou se preencho apenas o preencho com a minha própria alma já de si tão gasta por durante todos estes milhares anos não me teres dito: Grita!..."

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